Prof. Pétrick Miranda


PROPÓSITO DE VIDA E TRABALHO

Somos o tempo todo bombardeados de esforços para sobrevivermos, para nos situarmos no mundo, desde o nascimento já temos que enfrentar o primeiro esforço que é a necessidade de respirar. Antes de falar, andar ou apreender, a criança já vivencia experiências que a introduzem no terreno do incômodo e do esforço.

Pode-se dizer que viver é esforçar-se, é ser incomodado o tempo todo. O ser humano necessita de esforço para viver, para por sentido ao que doravante, não se tem. Para que viver? Qual o propósito da vida? Quais minhas obrigações para comigo? Para com o outro? Para com a natureza? O que o trabalho tem que ver com isso?

Ao passarmos pela escola, há um período importante da vida de todos nós. É nela, que o terreno das obrigações vai tomando contornos mais claros. Pouco a pouco, as crianças deixam um mundo marcado pela dimensão lúdica, para entrar em outro mundo regido pela necessidade e pelas obrigações.

Essa realidade das obrigações se dá de modo diferente de acordo com a classe social em que ambas as crianças estão inseridas. Para algumas crianças, as tarefas domésticas é que as põe em contato com o outro em casa. Guardar os brinquedos, arrumar a cama, fazer a lição de casa, quando a vontade é somente de estar com algum jogo ou aplicativo no celular ou assistindo TV. Outras, menos afortunadas, têm suas vidas invadidas pela obrigação e necessidade de modo mais duro e cruel. Acordam cedo para pegar na enxada, cavar o chão, vender salgados, cuidar dos irmãos etc.

É assim que, ainda jovens, se dão conta que o mundo não é um parque de diversões, e a primeira sensação é aquela que as faz perceber o trabalho como um fardo, um peso, uma tribulação. E com isso, muitos criticam, por melhor que seja sua tarefa, seu ofício, de que o mesmo é demais e preferem viver buscando uma maneira fácil de adquirir dinheiro, seja com jogos, loterias, seja através da corrupção.

Levando em consideração o objetivo deste primeiro encontro, o qual requer uma reflexão sobre o propósito de vida, faz-se necessário alguns questionamentos, a vida, as tarefas profissionais que você realiza em seu dia a dia, são consideradas, por você como tortura, dureza, fatigante, dificultosa?

É bom considerar, que uma das principais motivações de nosso curso é nosso autoconhecimento, nossa vida enquanto perspectiva teleológica, ou seja, com uma finalidade, com um propósito, afinal, estamos à toa no mundo? É claro que não, temos um lugar no mundo, e neste temos tarefas para cumprirmos, temos algo a fazer, e esse algo a fazer deve dar sentido à nossa vida, necessitamos transformar nossa visão torturante de nosso trabalho em uma visão de prazer, felicidade, sentido ou buscar outras tarefas, outras profissões que faça com que nossa vida tenha sentido e seja prazerosa. Caso contrário, do que adianta está em tal tarefa? Por que você ainda insiste nela e o leva até sua aposentadoria, tentando adquirir felicidade apenas nela (aposentadoria), no fim da vida praticamente?

Tentemos nesta primeira temática a busca de uma constituição do ser, deve-se tornar aquilo que se é e que nunca se foi. Não podemos permanecer onde o sofrimento se constrói, precisamos fugir dessa realidade buscando nossa verdadeira identidade, nosso verdadeiro ser que está aí latente em nós, antes de estarmos fazendo o que estamos fazendo tínhamos sonhos, mas a falta de empenho, oportunidade, condições financeiras ou até mesmo escolhas ou decisões irrefletidas tornaram-se distantes, tivemos a ideia de só ganhar dinheiro, mas a realidade nos ensinou que não se ganha dinheiro, trabalha-se para consegui-lo, vende-se a força de trabalho como uma mercadoria, e vamos caindo na mesma, na estagnação da realidade, na alienação do mercado e nem vamos nos dando conta que o tempo está passando e não fizemos nada que nos desse sentido na vida. Portanto, entendamos o que estamos sendo, para tornamo-nos o que somos e que nunca fomos, mas que ainda dá tempo de sermos e vivermos uma vida, podendo ser até simples, mas repleta de momentos felizes, porque deixamos nossa marca em alguém ou alguéns ou até mesmo em nós mesmos.

O que somos devemos ser sem restrições, sem amarras, sem limitações, sem censuras, sem um prender-se em si mesmo, seja o que és e que nunca foi e entenda a importância da liberdade e da felicidade com responsabilidade.